Por que Deus permite a tentação?

“Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação” (Eclo 2, 1).





Nosso Senhor, permite que as tentações nos sobrevenham para que nos humilhemos. “Que sabe aquele que não é tentado?”, pergunta o sábio. Com efeito, a melhor ocasião para o homem conhecer a fundo sua própria miséria é quando ele é tentado. Como observa Santo Agostinho, antes da tentação São Pedro confiava muito em si mesmo, a ponto de declarar que preferiria morrer a negar Jesus. Quando lhe sobreveio a tentação, porém, negou-O covardemente, e assim pôde conhecer a sua própria fraqueza.

Pedro, que antes da tentação colocara sua confiança em si mesmo, na tentação pôde finalmente conhecer-se de verdade. Outra razão para o Senhor permitir que sejamos tentados é porque Ele deseja nos enriquecer de méritos. Cada vez que uma alma vence uma tentação, ela progride tanto na obtenção da graça quanto no merecimento da glória no Céu, de modo que “o número de coroas que ganharemos será proporcional às tentações vencidas”, como afirma São Bernardo.

Nosso Senhor disse a Santa Matilde: “Tantas serão as pérolas com que uma alma ornará sua coroa quantas forem as tentações vencidas por ela com o auxílio de minha graça.”

Mais uma razão por que Deus permite as tentações é que  elas nos impulsionam à pratica das virtudes, em especial a humildade e a submissão à vontade de Deus. As injúrias, as dores, maus tratos que uma alma recebe dos homens, longe de a abaterem, consolam-na, por lhe permitirem oferecer tais sofrimentos a Deus, como prova de seu amor; tudo isso lhe serve de combustível que alimenta o fogo do amor divino. Esse amor é o que lhe dá forças para sofrer com paciência tais provações, e para prosseguir com ânimo no caminho da perfeição.

A tempestade das tentações não permite que o homem se torne acomodado, pelo contrário, encoraja-o a unir-se mais intimamente a Deus por meio da oração e da renovação de seus bons propósitos, mediante a realização de repetidos atos de humildade, confiança e submissão à vontade Divina.

Santo Agostinho nos conta que: “Os santos confiaram em Deus, e foi por isso que conquistaram a vitória”, e acrescenta, “Abandona-te nas mãos de Deus e não temas: Ele, que te expõe ao combate, não te deixará só nem te abandonará, lançando-te na perdição. Entrega-te a Ele e não temas; Ele não se afastará de ti, abandonando-te à queda.”

Por fim, Deus permite as tentações para que o homem se desprenda cada vez mais do mundo e deseje mais ardentemente as virtudes celestes. O desejo das almas que amam a Deus é de se elevarem até Ele, mas uma espécie de grilhão as mantêm presas às coisas da terra, onde são continuamente atacadas por impiedosas tentações e  suspiram pelo dia em que finalmente estarão livres do perigo de ofenderem a Deus.

 

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Fonte: Itinerário da Castidade – dos escritos de Santo Afonso Maria de Ligório.
Edt: Mensageiros. Resumo das páginas 19 à 26.


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